sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Em Defesa do Montemuro

O mais bem intencionado viajante que percorra as cercanias do Montemuro não pode deixar de reflectir sobre os abusos que pela serra se vão cometendo. São violações que revelam um défice cultural e ambiental que nos envergonha.
Os exemplos são, infelizmente, muitos e vão desde os reflectores das bermas da estrada EN 321 que são arrancados e colocados a delimitar logradouros das casas privadas que confinam com a via pública, em desrespeito pela segurança de todos; as placas de sinalização danificadas a tiro; os palheiros que, no mais recôndito lugar mas à vista pública, são cobertos de chapa que reflecte a luz solar causando um efeito estético agressivo; as bermas das estradas pejadas de lixo variado e restos de materiais de construção civil, quando não são usadas para depósito de madeiras e pedras em benefício de particulares; os espaços em redor dos sítios festivos onde pululam plásticos e outras excrescências festivas.
A tudo isto acresce o uso irracional e depradador da serra pelos veículos 4x4 por zonas não cotiadas.
Eis aqui plasmado, em alguns exemplos não exaustivos, o desrespeito pela serra de todos nós.
Eis também evidenciada a falta de cultura cívica e o desprezo pelo património colectivo.
Com o Professor Vital Moreira, diremos: "O modo como os cidadãos cuidam, ou não, do património comum e dos bens públicos constitui um dos mais notórios padrões de cidadania e de modernização de um país. Por um lado, não existe cidadania integral sem educação cívica nem responsabilidade social...A defesa dos bens públicos exige o combate aos abusos privados ".
Que todos nós combatamos em defesa do bem público. Que quem com responsabilidade decisória autárquica o faça também. Não é só a serra que deixa de ser apreciada por causa destes desmandos, a conduta de quem tem deveres nesta matéria também é avaliada, nem que seja por uma minoria.

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