quarta-feira, 16 de julho de 2008

A ÁGUA, ESSA FONTE DE VIDA.










" A Terra está na água “ ( Tales de Mileto )



O Relatório do Desenvolvimento Humano 2006, intitulado “ A água para lá da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água “ além de sublinhar a importância de um recurso tão negligenciado quanto esgotável revela-nos um número que não pode deixar ninguém indiferente – pelo menos nos poucos segundos em que o lê: Mil milhões de pessoas sem acesso a água potável.
Do ponto de vista global a água existente no planeta é mais do que suficiente para a satisfação das necessidades da Humanidade. A questão reside na distribuição da mesma e na desigualdade de acesso a esse recurso fundamental.
O problema da água não é assim da escassez mas da distribuição. E a diferença entre os países que melhor a distribuem ou não marca a sua caracterização como desenvolvidos ou subdesenvolvidos. Este raciocínio vale também para as regiões como para os concelhos ou freguesias.
Quem não tem qualidade na água que consome não pode ter qualidade de vida.
Neste início do século XXI a água imprópria é a segunda causa de morte infantil. Todos os anos morrem 1,5 milhões de crianças no mundo por causa da diarreia em virtude do consumo de água não potável.
A água imprópria e o mau ou inexistente saneamento constituem deste modo um flagelo dos países pobres que deveria envergonhar os países ditos desenvolvidos.
O grosso destes “ deserdados “ situa-se na África Subsariana, mas podemo-nos perguntar também se bem perto de nós a distribuição de água e o saneamento são matéria prioritária de políticas de gestão decisória. Talvez nos surpreendamos com a resposta.
O acesso a água salubre pela Humanidade parece condicionar o Objectivo do Milénio
( projecto ambicioso com oito metas até 2015 ) de que se destaca a redução da mortalidade infantil e a sustentabilidade ambiental e desenvolvimento de uma parceria global.
Para esse ano a Agência norte-americana prevê lançar o Projecto das Luas Geladas de Júpiter para explorar as possibilidades de vida naquele planeta. Seria desgraçadamente trágico que se investissem milhões de dólares a procurar formas de vida na imensidão do Cosmos com tantas vidas a perderem-se na Terra por falta de acesso a um bem essencial: a água que permite a vida.
Esta água que, para muitos – mesmo no nosso concelho de Cinfães - pode parecer inesgotável. Parecerá até despiciendo estar a falar nesta questão quando a água jorra por todos os caminhos. Será bem assim? Estará ela distribuída por todos ou tenderá a isso? Estará garantida a sua salubridade? E o seu tratamento a jusante restituindo-se ao meio natural sem o contaminar? Estaremos nós a fazer um uso racional da água? A poupá-la?
Pensemos nisto.
E pensemos também na importância de continuarmos a defender os rios, esses veios de água e de vida que garantem a nossa subsistência e qualidade existencial.
Esses cursos de água, sagrados nalguns pontos do globo ( O Ganges, na Índia, ou o Bramaputra no Tibete ) e abençoados noutros ( o Nilo, v.g. ) e que também podem ser factor de desenvolvimento, bem-estar e geração de riqueza de potencial turístico.
O importante é saber preservá-los e protegê-los daqueles que apenas por cobiça deles se pretendem aproveitar esquecendo a comunidade que deles beneficia e as gerações vindouras que esperam tal legado. É perante a memória do passado, a responsabilidade do presente e a esperança no futuro que se deverá pautar sempre a nossa actuação em defesa da mais elementar quanto importante fonte de vida: a água.
Aqui se louva o trabalho de sensibilização e valorização que o Agrupamento Vertical de Cinfães tem feito a favor do ambiente e em defesa particular da água enquanto bem essencial. De realçar a preocupação meritória de colocar os alunos em contacto com o meio natural ( a caminhada no vale do Bestança foi disso exemplo participativo, que estamos certos se repetirá ) como forma de interacção e relacionamento com os valores ambientais que se visam incutir no dia-a-dia.
O empenho da comunidade educativa é decisivo naquilo que será sempre um bom investimento: o da promoção ambiental, porque a bem de todos nós ainda que com o sacrifício de alguns, sempre tão poucos.


Jorge Ventura

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